quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CLOSER: o jogo dos 7 erros (para homens)

Por: Linz
Um dos melhores textos que lá li num blog masculino. Escrito por Gustavo Gitti em 2007, no Blog Não 2, Não 1

 Closer - Natalie Portman
Este post não é sobre Closer. Apenas me lembrei que passou na Globo semana passada e comecei a escrever sobre outra coisa. Esse post é para homens. Meu nonsense inicial abre a primeira lição: toda fala de mulher é sobre Closer, principalmente aquelas que não são. Preparem-se, mas larguem o bloco de notas porque não adianta. O que me lembra do segundo apontamento: com mulher, não se usa bloco de notas. Um único desvio de olhar para o papel e já era – diga adeus ao essencial.

O namoro vai mal há alguns meses. Você está bastante preocupado com a mudança de emprego e os novos projetos pessoais. Pensa: “Deixa só as coisas se acalmarem que eu reconquisto a parte distante dela”. Em meio à crise, você até dá uma olhada em restaurantes e presentes legais, só que não é o momento. Ela está muito estranha e distante. É melhor esperar um pouco. Sai um dia, agarra uma outra, leva para o motel. Uma noite não altera seu amor por ela, não é mesmo? A ausência de sexo na relação você resolve com vídeos, putas e one-night-stands. Algumas viram casos, mas você ama só sua mulher. Não consegue se ver sem ela. Durante a crise, talvez essa espécie de apego seja a única base para a relação.

Ainda que tudo fique por um fio, você se sente com o controle. Ela não quer, mas você faria amor com ela hoje, fácil, fácil. Enquanto espera, você pensa que ela fará o mesmo. Sua crença tem uma lógica sutil: “Ainda estamos juntos, só que precisamos de um tempo não dito para nos reaquecermos”. Pensar que ela segue uma lógica (seja ela linear ou paraconsistente, evidente ou oculta) é o terceiro erro masculino.

O quarto vem logo a seguir: acreditar que uma mulher não possui lógica alguma. As mulheres já nascem com uma habilidade que precisamos de vários doutorados para começar a aprender. Alternam rapidamente entre diferentes lógicas e coerências. Elas, contudo, não são incoerentes. Não! Nada mais equivocado. Elas compartilham a coerência dos fios de cabelo: sempre iguais, mas cada hora em uma posição.

Por mais que as coisas estejam indo mal, você tem um direcionamento claro que o faz ficar razoavelmente bem. “Estamos mal, mas nada demais. Uma hora a gente fica bem de novo”. Sua lógica é seu conforto. É fácil se distanciar do sofrimento quando há trabalho, cerveja, amigos e internet. Sem saber, ao camuflar sua dor, você termina por ignorar o desespero dela. Olha e quase diz: “Mas não precisa perder a cabeça! Eu apenas não vim hoje para jantar. Nós temos uma história linda, oras! Somos ainda um casal!”. Ela não quase
nada. Ela grita pra valer: “Nós não somos mais um casal, não sinto você mais como meu homem!”.

Ela vê o minuto, a hora, o dia. Você vê o mês, o ano, a década. Você diz “Anteontem foi tão bom!”, “Amanhã eu faço” ou “Mês que vem vamos viajar”. Ela sente sua ausência durante o dia e no exato momento em que discutem – enquanto você insiste em estar em outro lugar, teima em não sentir a dor junto com ela. Para você está tudo bem. Para ela, é claro que não! Assim que você percebe isso, a coisa complica. “Nossa, hoje não dá sequer para tentar nada com ela desse jeito”. O quinto erro: não ver a possibilidade de transformar as situações a qualquer momento. Por que você acha que ela se dá o trabalho de chorar e ser tão chata? Por que ela manteve o prato dela na mesa, com tudo arrumado? Por que ela não deixou só o seu e foi dormir? Você faria isso, não? Ela não quer ser chata, ela só quer a sua presença.

Closer - Natalie Portman Again and AgainOs braços que reclamam estão apontando para os pratos sujos na pia, seus atrasos e “Por que você não ligou para cumprimentar minha irmã ontem?”. Você lava e seca, passa a chegar no horário e liga pedindo desculpas. Se fez só isso, sua desatenção se manifestará em outras coisas, até que a reclamação volte. É possível satisfazê-la sem sair do lugar, acredite. Para onde aponta o coração dela? Não seja ingênuo de achar que sua mulher é tão estúpida como pode às vezes parecer. Ela realmente quer ver pratos limpos? Ela realmente é tão implicante? Não, ela quer cuidado, carinho e presença. Se mantiver essa postura, os pratos ficarão limpos, naturalmente. Cuidado com ela significa cuidado com absolutamente tudo o que a circunda. O quarto, o prato, a casa, a família, a natureza, o mundo. Prato sujo não é muito diferente de falta de amor por ela. Considerar tal afirmação um pouco forçada é o sexto erro.

Voltando ao namoro em crise. Você espera; tudo sob controle; transaria com ela a qualquer momento. E ela? Não, ela não voltaria ao sexo a qualquer momento. E, sim, ela poderia se abrir ao sexo a qualquer momento. Você precisa perceber primeiro o “Não” para construir o “Sim”. Sem acolher e aceitar, você não conseguirá liberar e redirecionar. É muito comum ver homens tentando resolver à distância, sem antes se aproximar.

Ela não sente nada sob controle (nem dela, muito menos seu). Ela não espera! Sua ausência não encontra paralelo feminino. Mulher é sempre movimento presente, ânsia por amor e abertura. Se não for com você, será com outro. Isso não as faz putas ou traidoras. Elas têm tanta culpa quanto uma música que oferece sua beleza a qualquer um que se aproximar. Nesse meio tempo, enquanto você e sua lógica esperavam, ela conheceu outro, se apaixonou e fez tudo que queria fazer com você. Para ela, o amor é sempre amor, vindo de você ou de qualquer cara. Isso faz com que ela o ame e do nada passe a odiá-lo. Se quer consolo, tenha certeza de que o mesmo vale para o outro cara.

Você liga e tenta voltar. Suas flores encontram um espaço já preenchido. Quanto mais você se humilha, mais ela se torna implacável. Você não acredita em tamanha crueldade! Quanto mais você sofre, mais ela pisa. “Você ficou 8 anos comigo, como pode me tratar assim?”. Ela afirma e confirma várias vezes. Nunca mais quer falar com você, nunca mais quer ver você. Você diz que sofre, ela desliga com gosto na sua cara. “Não ligue para mim nunca, por favor”. Você sofre ainda mais por não entender nada. E então solta a clássica: “Tudo bem, eu deixo você ir, mas só me explica o motivo. Por quê? Por quê? Por quê?”. O sétimo erro. Perguntar “Por quê?”.

Meses depois, você a encontra e não entende como é possível tamanha docilidade. Cadê o “nunca”? Ver o feminino como substância, em vez de movimento; essência, não existência; parede, no lugar de tinta. Temos aqui o oitavo erro dos homens.

Você erra uma palavra e toda a noite de sexo se vai. Isso parece horrível até que você entende que basta acertar novamente! Só mais uma palavra e toda a noite de sexo está ali novamente, bem na sua frente. Sexo, casamento… às vezes uma vida se vai por uma palavra mal colocada. O feminino é esse ser que nos escapa. Sempre que nos agitamos para persegui-lo, voltamos sem nada para casa. O homem feliz é aquele que fica. Às vezes chove, ele se molha. Às vezes vem o Sol e ele sorri.

“Fica comigo?” significa muito mais do que um beijo ou uma transa. “Eu sou esse torrencial incontido que transborda para todos os lados, se esvai, deságua para um lado, escorre para outro. Eu quero repousar em algum lugar para finalmente me juntar inteira e sentir meu tamanho. Você pode ser esse lugar? Fica comigo?”.

Os 7 erros, enfim, não podem ser corrigidos. Seria como tentar fixar uma nuvem ou uma onda. Os 7 erros devem ser constantemente jogados. No começo, eles parecem instruções, conselhos, afirmações, não? Por isso são sempre mais um. Vamos acertar todos os oito, para logo nove depois errá-los como se tivéssemos dez esquecido da técnica e do gosto do acerto onze.

Closer - Natalie Portman AgainMesmo sabendo das regras, vamos cair. Feio. Para os homens, sobrou esse papel de Sísifo do amor. Vocês já devem imaginar que só as mulheres ficam sempre em uma condição win-win… Bem, não fui eu quem inventou esse jogo! Para compensar, elas têm TPM, menopausa e celulite.
Da próxima vez que tudo desmoronar, look closer. Atente ao que fica. O feminino nunca chega a nos abandonar. Ele se transforma apenas. De Natalie Portman nua a quarto vazio, é um segundo. Êxtase e solidão, ambos são um tipo especial de mulher. Algumas sorriem para nós, outras se afastam e levam o Sol.
Homem, se achou que agora pode trair, se arrepender, mentir, oscilar, ser cruel e abandonar a lógica, você se enganou feio. Vai usar minissaia agora também? O que fica bonito em mulher transforma o homem em um ser desprezível. Conforme-se com o feminismo oculto desse post. Contente-se em transformar seu pesadelo em jogo.
Mulher, achou a abordagem machista? Ninguém mandou ler! Isso é escrito para homens. No universo masculino, não existe tal coisa como “machismo”. Existe ignorância, lucidez e, nos entremeios, um bando de caras resgatando um ao outro de vários incêndios. Só isso. O cara que ler esse post, sair vivo e se casar contigo, esse eu garanto que não será machista.

Fonte: http://nao2nao1.com.br/closer-o-jogo-dos-7-erros-para-homens/

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